terça-feira, 20 de dezembro de 2011

OS GÊNEROS PRINCIPAIS DE REDAÇÃO


I - NARRAÇÃO

Narrar é contar um fato, um episódio; todo discurso em que algo é CONTADO possui os seguintes elementos, que fatalmente surgem conforme um fato vai sendo narrado:

                                     onde ? 
                                        |
         quando?  ---      FATO    --- com quem?
                                        |
                                    como?

 A representação acima quer dizer que, todas as vezes que uma história é contada (é NARRADA), o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narração predomina a AÇÃO: o texto narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, maioria dos VERBOS que compõem esse tipo de texto são os VERBOS DE AÇÃO. O conjunto de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo de texto, recebe o nome de ENREDO.

As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas PERSONAGENS, que são justamente as pessoas envolvidas no episódio que está sendo contado ("com quem?" do quadro acima). As personagens são identificadas (=nomeadas) no texto narrativo pelos SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS.

Quando o narrador conta um episódio, às vezes( mesmo sem querer) ele acaba contando "onde" (=em que lugar)  as ações do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre uma ação ou ações  é chamado de ESPAÇO, representado no texto pelos ADVÉRBIOS DE LUGAR.

Além de contar onde , o narrador também pode esclarecer "quando" ocorreram as ações da história. Esse elemento da narrativa é o TEMPO, representado no texto narrativo através dos tempos verbais, mas principalmente pelos ADVÉRBIOS DE TEMPO. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele que indica ao leitor "como" o fato narrado aconteceu. A história contada, por isso, passa por uma INTRODUÇÃO (parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo DESENVOLVIMENTO do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o "miolo" da narrativa, também chamada de trama) e termina com a CONCLUSÃO da história (é o final ou epílogo). Aquele que conta a história é o NARRADOR, que pode ser PESSOAL (narra em 1a pessoa : EU...) ou IMPESSOAL (narra em 3a. pessoa: ELE...).

Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos verbos, formando uma rede: a própria história contada.

II - DESCRIÇÃO

Descrever é CARACTERIZAR alguém, alguma coisa ou algum lugar através de características que particularizem o caracterizado em relação aos outros seres da sua espécie. Descrever, portanto, é também particularizar um ser. É "fotografar" com palavras.

No texto descritivo, por isso, os tipos de verbos mais adequados (mais comuns) são os VERBOS DE LIGAÇÃO (SER, ESTAR, PERMANECER, FICAR, CONTINUAR, TER, PARECER, etc.), pois esses tipos de verbos ligam as características - representadas linguisticamente pelos ADJETIVOS - aos seres  caracterizados - representados pelos SUBSTANTIVOS. Ex. O pássaro é azul . 1-Caractarizado: pássaro / 2-Caracterizador ou característica: azul / O verbo que liga 1 com 2: é

Num texto descritivo podem ocorrer tanto caracterizações objetivas (físicas, concretas), quanto subjetivas (aquelas que dependem do ponto de vista de quem descreve e que se referem às características não-físicas do caracterizado). Ex.: Paulo está pálido (caracterização objetiva), mas lindo! (carcterização subjetiva).   

III - DISSERTAÇÃO

Além da narração e da descrição há um terceiro tipo de redação ou de discurso: a DISSERTAÇÃO.

Dissertar é refletir, debater, discutir, questionar a respeito de um determinado tema, expressando o ponto de vista de quem escreve em relação a esse tema. Dissertar, assim, é emitir opiniões de maneira convincente, ou seja, de maneira que elas sejam compreendidas e aceitas pelo leitor ; e isso só acontece quando tais opiniões estão bem fundamentadas, comprovadas, explicadas, exemplificadas, em suma: bem ARGUMENTADAS (argumentar= convencer, influenciar, persuadir). A argumentação é o elemento mais importante de uma dissertação.

Embora dissertar seja emitir opiniões, o ideal é que o seu autor coloque no texto seus pontos de vista como se não fossem dele e sim, de outra pessoa ( de prestígio, famosa, especialista no assunto, alguém...), ou seja, de maneira IMPESSOAL, OBJETIVA e sem prolixidade ("encher lingüiça"): que a dissertação seja elaborada com VERBOS E PRONOMES EM TERCEIRA PESSOA. O texto impessoal soa como verdade e, como já citado, fazer crer é um dos objetivos de quem disserta.

Na dissertação, as idéias devem ser colocadas de maneira CLARA E COERENTE e organizadas de maneira LÓGICA:

a) o elo entre pontos de vista e argumento se faz de maneira coerente e lógica através das CONJUNÇÕES (=conectivos) - coordenativas ou subordinativas, dependendo da idéia que se queira introduzir e defender; é por isso que as conjunções são chamadas de MARCADORES ARGUMENTATIVOS.

b) todo texto dissertativo é composto por três partes coesas e coerentes: INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO.

A introdução é a parte em que se dá a apresentação do tema, através de um CONCEITO (e conceituar é GENERALIZAR, ou seja, é dizer o que um referente tem em comum em relação aos outros seres da sua espécie) ou através de QUESTIONAMENTO(s) que ele sugere, que deve ser seguido de um PONTO DE VISTA e de seu ARGUMENTO PRINCIPAL. Para que a introdução fique perfeita, é interessante seguir esses passos:

1. Transforme o tema numa pergunta;

2. Responda a pergunta (e obtém-se o PONTO DE VISTA);

3. Coloque o porquê da resposta (e obtém-se o ARGUMENTO).

O desenvolvimento contém as idéias que reforçam o argumento principal, ou seja, os ARGUMENTOS AUXILIARES e os FATOS-EXEMPLOS (verdadeiros, reconhecidos publicamente).

A conclusão é a parte final da redação dissertativa, onde o seu autor deve "amarrar" resumidamente (se possível, numa frase) todas as idéias do texto para que o PONTO DE VISTA inicial se mostre irrefutável, ou seja, seja imposto e aceito como verdadeiro.

Antes de iniciar a dissertação, no entanto, é preciso que seu autor: 1. Entenda bem o tema; 2. Reflita a respeito dele; 3. Passe para o papel as idéias que o tema lhe sugere; 4. Faça a organização textual (o "esqueleto do texto"), pois a quantidade de idéias sugeridas pelo tema é igual a quantidade de parágrafos que a dissertação terá no  DESENVOLVIMENTO do texto.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

15 TEMAS POSSÍVEIS DE REDAÇÃO PARA O CONCURSO DA PM/BA:


1. As justificativas sociais da violência atual;
2. Como combater o crime?;
3. Os Direitos Humanos são respeitados?;
4. As relações de poder e autoridade;
5. O seu direito começa onde acaba o do outro;
6. A ética no serviço público;
7. Qual o papel do cidadão ante a lei?;
8. A corrupção policial como agravante do crime;
9. A multiplicação dos presídios;
10. A igualdade de todos perante a Lei;
11. A impunidade no Brasil;
12. O combate à pedofilia/ao trabalho infantil/ à prostituição infantil;
13. A união entre as polícias civil e militar;
14. Abusos de poder no cumprimento das ações;
15. Fazer justiça com as próprias mãos etc.

Boa sorte!!!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

COMO ELABORAR UMA REDAÇÃO NOTA DEZ



Você já ouviu aquela história de que um vestibulando da Fuvest tirou 10 numa redação cujo tema era "O Lápis e a Borracha" apenas escrevendo a frase "O que o lápis escreve a borracha apaga"? Se ouviu, pode esquecer o mau exemplo, porque tentar "dar uma de esperto" não vai te ajudar a escrever bem no vestibular.

"Há o mito de que existe uma receita pronta para se fazer uma boa redação. Coisas como 'não usar verbo no título' ou 'não escrever usando letras de forma', por exemplo. Nenhuma dessas informações tem a menor relevância", esclarece o professor de redação Eduardo Antônio Lopes, autor do material didático do Curso Anglo e do Sistema Anglo de Ensino.

Portanto, não desperdice sua energia tentando guardar fórmulas mágicas e modelos de redação. O ideal para se dar bem no vestibular é praticar bastante. O professor Lopes conta que costuma comparar aprender a escrever bem com tocar um instrumento musical: "você não imagina que alguém vai aprender a tocar violão sem nunca praticar o instrumento. Com a redação acontece a mesma coisa, é preciso ensaiar sempre".

Isso não significa que você deve escrever um texto burocrático e sem graça na sua redação do vestibular. "As bancas valorizam textos com marca autoral, que mostram que o estudante é um participante crítico da realidade. Escrever algo sem nenhum 'sabor' não é bem visto", afirma Lopes.

Ou seja, o ideal é não pensar em criatividade no sentido de ter uma sacada sensacional que salve a sua redação mal feita no vestibular - como a história do lápis e da borracha tenta convencer - mas sim pensar em ter senso crítico apurado e ser original nos seus argumentos. O professor do Cursinho da Poli Gesu Wanderlei Costa também confirma a exigência de originalidade: "os textos mais bem avaliados são de alunos ousados, críticos, que não acreditaram em regrinhas ou fórmulas de fazer redação".

Ficou com medo de errar a medida? Veja alguns conselhos para quem quer se dar bem na redação.

Na hora de estudar: Costa afirma que os vestibulandos deveriam fazer da prática da redação um "sacerdócio". Ele próprio escreve duas crônicas e um conto semanalmente, só para não perder a prática. "Para escrever bem, o aluno tem que mudar de comportamento, e se preocupar em se tornar um escritor independentemente do vestibular", afirma.

Para ajudar seus alunos a se familiarizar com esse universo, ele costuma aplicar exercícios de "desbloqueio" bem no começo do curso - nesses exercícios os alunos são estimulados a escrever todas as suas idéias sobre um determinado assunto num papel, aleatoriamente, só para "perder o medo" da escrita.

A partir daí, ele conta que há três níveis de aperfeiçoamento na redação. Em primeiro lugar, é preciso aprender as normas gramaticais - ou seja, dominar regras de acentuação gráfica, ortografia, pontuação e se sentir confortável para escrever na norma culta, garantindo assim a clareza do texto.

Num segundo momento, o aluno deve se preocupar com a coesão textual, o que significa cuidar para demonstrar o encadeamento lógico e a precisão das suas idéias, construindo um texto dotado de começo, meio e fim.

E depois de ter superado esses dois níveis de aprendizado da escrita, ele deve começar a praticar a sua argumentação, tendo em mente que precisa convencer o leitor da consistência crítica dos seus argumentos.

Como saber se você está conseguindo superar esses três estágios do aprendizado? "É essencial ter alguém pra corrigir o seu texto", afirma Costa. "Costumo dizer para os meus alunos que às vezes ter alguém para ler o texto chega a ser mais importante do que vir à aula. Quem não faz cursinho pode pedir para o professor do colégio ou até para um amigo corrigir os seus textos de vez em quando." Ele recomenda que os alunos comparem suas redações com os melhores textos de vestibulares passados, como os da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular), que organiza o processo seletivo da USP (Universidade de São Paulo.

E para quem está tentando adivinhar sobre que assunto vai ter que escrever na redação do vestibular, mais um conselho: "ficar preocupado com qual vai ser o tema da prova durante esse treinamento é bobagem", afirma Costa. Ele explica que, ao ler jornais, revistas e livros durante o preparo para a prova, é importante tentar captar o posicionamento do autor em relação ao tema, e que interesses podem estar envolvidos na sua escrita.

Ele lembra que, depois de 1998 - em que a FUVEST pediu para os estudantes analisarem cinco trechos de pensamentos filosóficos refinados, numa das provas de redação mais difíceis da história dos vestibulares - os exames têm preferido abordar temas relacionados ao cotidiano social dos adolescentes. Ou seja, é muito remota a possibilidade de você ter que escrever a sua redação sobre um tema do qual nunca ouviu falar.

Na hora da prova: As dicas para fazer uma boa prova são do professor do Anglo Eduardo Lopes. Ele acredita que o vestibulando deve ler a proposta atentamente e, ainda antes de iniciar o texto, planejar o objetivo da sua argumentação. "Vai ficar muito difícil encadear os parágrafos e selecionar os argumentos sem ter certeza de onde se quer chegar", explica.

Depois disso, o estudante deve utilizar esse direcionamento para reler a coletânea de textos (fragmentos dados na proposta), com a intenção de não apenas alcançar um bom resultado, e sim de escrever algo que atenda às expectativas da banca examinadora da prova. "A coletânea é como uma pesquisa que a banca faz para o vestibulando, com a finalidade de diminuir a artificialidade dessa situação, em que alguém escreve sem ter a possibilidade de pesquisar sobre o assunto", afirma Lopes.

Outro recado importante na hora de escolher os argumentos que vão sustentar a redação: cuidado para não emitir opiniões preconceituosas e infundadas, problemas que aparecem nos textos de vestibular com mais freqüência do que você pode imaginar. "A banca espera que o aluno demonstre apreço pela cidadania e pelos valores democráticos. Qualquer posicionamento é válido, desde que respeite os direitos humanos universais, os direitos do indivíduo e os interesses da maioria", finaliza Lopes.

Com um bom preparo e muito treino, com certeza você não vai precisar de sorte para se dar bem na redação do vestibular!

(Site Universia)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A FORÇA DO VERBO



Nunca me expressei bem oralmente, apesar de ter me tornado professor. As palavras expositivas jamais corresponderam ao que gostaria de dizer ou ao que eu havia preparado para tal. As pregas vocais não acompanham com fidedignidade a minha mente, além de certo bloqueio com o público. O pensamento se faz um pouco mais completo quando escrevo. No ato da escrita eu tento ser sincero e razoável no meu pensar, nas minhas reflexões e devaneios. Escrever é uma forma de botar para fora o urso interior que desperta esfomeado da longa hibernação.
Eu assisto admirado aos inúmeros palestrantes marketeiros empresariais, de auto-motivação, administradores que largaram as suas empresas e se tornaram oradores profissionais, cobrando milhões por apresentação! Eles brincam com a retórica, fazem gracejos com a platéia segurando nota de dinheiro, copo com água, folha em branco. São ovacionados, aplaudidos de pé, prendem a respiração e a atenção dos ouvintes, além do principal: alienam multidões, vendem seus incansáveis livros, etc. Apesar de estarem em baixa no momento, vez por outra surge uma nova celebridade da área e se vai com a mesma presteza com que veio. Cada um mais arrebatador e inflamado do que o outro!
E como o brasileiro é um povo que necessita ouvir, precisa de heróis, carece de gente em que se possa espelhar, tem a auto-estima baixa e anda sempre no vermelho financeiro, esses retumbantes palradores assumem um lugar de importância magna, mesmo que seja tossindo clichês, abobrinhas e chavões, porém com um certo estilo e pompa, jocosamente sábio para a platéia incauta em busca de curas físicas ou espirituais.
Se todos os bons livros literários viessem com um apresentador dessa estirpe, a nossa média de leitura no Brasil subiria vertiginosamente, tenho quase certeza. Já imaginaram um elegante coroa, perfumado, aparentemente feliz e desinibido representando oralmente uma tragédia de Sófocles ipsis literis com a mesma desenvoltura? Ou então uma quarentona loira num tailler falando sobre as digressões machadianas para o pessoal da terceira idade ou para os vendedores de seguros? Talvez isso fizesse com que as pessoas despertassem, pegassem os livros e fossem ler os originais, entretanto aquela seria a representação oral, marca forte da cultura nacional tupiniquim, de conteúdos interessantes, ricos, e muitas vezes chato na escrita.
Já tivemos grandes mestres da “fala”, do “discurso”, como os irmãos Mangabeira, Ruy Barbosa, os poetas condoreiros, entre eles Castro Alves, só para ficar nesses. Hoje em dia, quão inebriante não é assistir na nossa região grapiúna, por exemplo, um Ari Quadros Teixeira, gênio da oratória, relatar para nós uma historieta qualquer de Malba Tahan, com toda a lhaneza que lhe é peculiar! Ou um Ruy Póvoas, narrando as lendas e mitos dos povos nagô, queto, jêje e ijexá, raízes da sua cultura africana. Homens assim faltam em nossas vidas. A aproximação mais sagaz, embora sem as mesmas características, é o teatro, encenando de forma bela, caricata e grandiosa a alma humana, com todos os seus matizes.
O ato de dizer algo realmente está imbricado com toda a simbologia que nasceu com os povos latinos: o dizer com as mãos, o dizer com os gestos, o dizer com o corpo, acompanhando a língua discorrer, extasiando ainda mais o ouvinte concentrado. Eu de cá na minha pequenez fico só imaginando um Sócrates nas praças e feiras públicas de Atenas, atacando ferozmente os políticos corruptos, a religião vazia e a filosofia insípida até aquele momento. Sem falar de Moisés, Jesus, Buda, Confúcio, Francisco de Assis, Gandhi e muitos outros que jamais escreveram uma linha, mas falaram, gesticularam e disseram tudo!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

DICAS PARA ESCREVER UMA BOA REDAÇÃO

Faça letra legível: 
Você acha que alguém vai tentar decifrar sua redação, tendo outras 1000 para corrigir?

Ordenação das Idéias:
A falta de ordenação de idéias gera um texto sem encadeamento e, às vezes, incompreensível, partindo de uma idéia para outra sem critério, sem ligação.

Coerência:
Você não deve apresentar um argumento e contradizê-lo mais adiante.

Coesão:
A redundância denuncia a falta de coesão, assim como a falta de ligação entre frases e parágrafos. Não dê voltas num assunto, sem acrescentar dados novos. Isso é típico de quem não tem informações suficientes para compor o texto.

Inadequação:
Não fuja ao tema proposto, escolhendo outro argumento com o qual tenha maior afinidade. O distanciamento do assunto pode custar pontos importantes na avaliação.

Estrutura dos Parágrafos:
Separe o texto em parágrafos. Sem a definição de uma idéia em cada parágrafo, a redação fica mal estruturada. Não corte a idéia em um parágrafo para concluí-la no seguinte. Não deixe o pensamento sem conclusão.

Aspecto gramatical:
· Faça a concordância e a flexão correta dos tempos verbais;
· Não fragmente a frase, separando o sujeito do predicado;
· Cuidado com a pontuação, acentuação e ortografia das palavras.

Conselhos úteis:
· Evite a repetições de sons, que é deselegante na prosa;
· Evite a repetições de palavras, que denota falta de vocabulário;
· Evite a repetição de idéias, que demonstra falta de conhecimento geral;
· Evite o exagero de conectivos (conjunções e pronomes relativos) para evitar a repetição e para não alongar períodos;
· Evite o uso exagerado de palavras e expressões do tipo: problema, coisa, negócio, principalmente, devido a, através de, em nível de, sob um ponto de vista, tendo em vista, etc.;
· Nunca utilize coloquialismos: só que, daí, aí, ta, tou, pra, pro, etc.;
· Cuidado com o emprego ambíguo dos pronomes: seu, seus, sua, suas;
· Cuidado com as generalizações: sempre, nunca, todo mundo, ninguém;
· Seja específico: utilize argumentos concretos, fatos importantes;
· Não faça afirmações levianas, como: todo político é corrupto;
· Não use expressões populares e cristalizadas pelo uso, como: a união faz a força;
· Não use palavras estrangeiras nem gírias, como: deletar, tipo assim;
· Observe as palavras desnecessárias. Ex.: “Necessita de ajudar o próximo”
· Cuidado com o uso de conjunções:
. mas, porém, contudo são adversativas, indicam fatores contrários;
. portanto, logo são conclusivas;
. pois é explicativa e não causal;
· Não escreva períodos muito curtos (que travam o texto) nem muito longos (que possibilitam o erro);
· Não use a palavra “eu” nem a palavra “você” e evite a palavra “nós”: a dissertação deve ser impessoal; não se dirija ao examinador como se estivesse conversando com ele;
· Não deixe parágrafos soltos: faça uma ligação entre eles, pois a ausência de elementos coesivos entre orações, períodos e parágrafos é erro grave.

Prof. Gustavo · a melhor preparação para a prova de Redação
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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A ESCOLA NO CINEMA

Na mesma tônica da frase “de louco e de médico todo mundo tem um pouco”, a Educação sofre de idêntica vertigem: todos acham que podem e devem opinar sobre o assunto, mesmo não se diplomando em uma licenciatura ou tendo experiência em sala de aula.
Ainda assim, alguns curtas e longas-metragens vêm trazendo à tona um arsenal muito rico e bastante variado sobre a docência, estudantes, métodos, salas de aula, problemáticas educacionais, entre outros assuntos que se interrelacionam com esses.


Ao Mestre, Com Carinho (1966) emocionou uma legião de fãs que, depois de assisti-lo, tornaram-se professores. Sidney Poitier, o primeiro negro a ganhar um Oscar nos EUA como ator principal, faz um engenheiro desempregado que resolve dar aula em uma escola no subúrbio de Londres. Vale a pena assistir, deliciar-se com os desafios propostos pelos alunos rebeldes e, emocionar-se no final, quando todos veneram o professor que conseguiu conquistá-los. Ao Mestre, Com Carinho foi refilmado para a TV, em 1995.
Seguindo uma linha totalmente difusa, o filme Pink Floyd The Wall (1982) ficou mundialmente famoso por retratar uma cena que se passa com o protagonista quando ainda estudante. Ridicularizado pelo professor por escrever poesia, ele era sempre a cobaia do mestre, chegando a imaginar uma total destruição da escola. Tal fragmento do filme virou o próprio videoclipe da banda. Produzido pelo diretor britânico Alan Parker, lançado pela MGM, o roteiro foi escrito pelo então vocalista e baixista da banda Pink Floyd, Roger Waters. Apesar de Waters ter cogitado ser o próprio protagonista do filme, foi escolhido o ator Bob Geldof.


Já o filme Mentes Perigosas (1995), estrelado pela bela Michelle Pfeiffer, é uma “sessão da tarde” interessante. Michelle faz uma oficial da marinha que abandona a carreira militar para realizar o antigo sonho de ser professora de inglês. Mas, o grupo de alunos rebeldes que tem pela frente logo na primeira escola em que leciona será capaz de deixar o telespectador colado na telinha para saber até onde ela é capaz de agir, tentar mudar as consciências, etc.


Mais recentemente, foi lançado nos EUA um longa baseado em uma experiência real, Escritores da Liberdade (2007), tendo a atriz Hilary Swank como protagonista. O filme aborda, de uma forma comovente e instigante, o desafio da educação em um contexto social problemático e violento. Hilary vive a personagem da professora Erin Gruwell, por volta do ano de 1992, na cidade de Los Angeles, que passa por uma verdadeira guerra nos seus bairros mais pobres, causada, sobretudo, por gangues que são movidas pelas tensões raciais. Vale a pena conferir e se emocionar!


Por fim, gostaria de falar sobre um documentário brasileiro tão pouco visto e que, infelizmente, não teve o debate e o respaldo merecidos pela imprensa no Brasil. O brilhante Pro Dia Nascer Feliz (2006), do diretor João Jardim, apresenta um panorama sobre as adversidades enfrentadas pelo adolescente brasileiro da escola pública e também a visão de mundo dos jovens urbanos da escola particular. Um excelente documentário, que mudará muitos preconceitos arraigados no imaginário do país sobre a escola que temos.
Seja como for, a sorte está lançada. Dentre tantas películas boas que o cinéfilo tem à sua disposição, eis algumas poucas que tratam da Educação. Agora é só conferir.
Gustavo Atallah Haun - Professor.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

PALAVRAS DE UM SIMPLES REDATOR

O escritor é um sujeito solitário pela própria natureza do seu ofício. A sua labuta cotidiana com a folha em branco e a imaginação a todo vapor é um ato íntimo, pessoal, a sós. Por isso, gostaria de escrever inicialmente sobre a SOLIDÃO, essa solidão que às vezes se faz tão necessária em um mundo tão corrido, sem face, sem introspecção alguma. Aquela solitude positiva, bem-vinda, que é muito mais razão preenchedora do que emoção vazia. Mas já escrevi páginas inteiras sobre ela e, no fundo, ainda não é o que gostaria de dizer.
Então pensei em falar do AMOR. Amor, amor, tanto para falar do amor. Tantos já falaram dele, e falarão. Sentimento maior, unânime, que se transformou em algo tão piegas e fortuito na mão de amadores, embora todos o busquem aqui neste chão de provas e expiações. Porém, nada disso tocou o meu coração hoje. Na grandiosidade dessa emoção universal, meus olhos anseiam pela descoberta do menos, do detalhe, do ínfimo que ninguém enxerga.


Talvez não haja palavra mais bela para o momento do que FELICIDADE. Cinco sílabas que arrastam o homem ao mar do êxtase, às ondas da perfeição, ao brotar de novas vivências e límpidas paisagens mentais. O infinito da felicidade é o limite de possibilidades de jovens que perseguem a sua essência, através das linguagens universais, qualquer que seja. Genial é a pessoa que se lança à existência, de peito aberto, descortinando novos mundos, fazendo o que nasceu para fazer, ajudando a Terra a girar. Fantástico é o outro quando tem a sensação de que é indispensável, que ele tem valor, somente pelo que é, para outro semelhante de luz e de glórias; de desilusão e de mágoas; de bem e de mal. Afinal, alegria maior não há do que aceitar o próximo como ele é.
Pensei também em uma pequena-grande palavra: SAUDADE. É o que fica daqueles que convivem, visitam, perturbam, choram e ri conosco. Sete letrinhas encantadas, oníricas, que só existem na nossa memória, no nosso coração dolorido de recordações, no nosso baú das boas e das más lembranças. Porém, todas as sete nos compondo como seres imortais, como redatores sagrados de um texto especial: a nossa própria vida!
E quanto a VIDA é misteriosa, é tortuosa, é banal, é esplendorosa! Quanto ainda temos que aprender do nada que sabemos, do nada que vivemos, do nada que somos! E, na verdade, o que somos? “V-ó-s s-ó-i-s d-e-u-s-e-s”, disse o Apóstolo dos apóstolos. Contudo, teimamos ainda em nos comportar como micro-cristais opacos perdidos no oceano das futilidades, das paixões pueris, da concorrência desleal, do planeta injusto e famélico.
A vida é uma bênção que nos foi entregue para crescermos, evoluirmos, sermos melhores do que somos, para, enfim, sair daqui numa condição superior do que quando aqui entramos.
Não percamos tempo! Não desperdicemos essa dádiva que é estar aqui, fazer parte da família cósmica, pois só é FELIZ na VIDA aquele que encontrou o AMOR dentro de si, na SOLIDÃO mágica e intransferível da SAUDADE.
Gustavo Atallah Haun - Professor.

domingo, 23 de outubro de 2011

AS LIVRARIAS GRAPIÚNAS

É uma pena que as livrarias da nossa região cacaueira não sejam bem frequentadas, desdenhando do que dizia Monteiro Lobato, sobre a importância do livro para uma nação, para um povo. O mais provável é que essa falta de circulação e vendagem seja fruto de dois fatores: a nossa própria falta de cultura (digo cultura no sentido de costume, cultivo) em se adquirir bens artísticos ou o dinheiro sumiu dos bolsos da população. Será isso mesmo?
A maior livraria de Itabuna, situada no Shopping Jequitibá, vivia entregue às moscas, sem um pé de gente. Resultado: fechou as portas! (Agora ela retornou, mas não tarda...) Enquanto que a praça de alimentação do mesmo local e bares da cidade estavam sempre repletos. Isso para não falar da Livraria Oásis, do gentil e culto Aécio, fechada também por falta de público. As outras livrarias do município além dos livros têm que se virar com papelarias, materiais pedagógicos e outras quinquilharias para poderem sobreviver. Nem sequer um sebo – local onde se vende, troca e compra livros usados – há na cidade!
O mais interessante é que Itabuna abriga quatro ou cinco faculdades particulares e tem uma universidade pública ao lado, a UESC. Onde estão os professores dessas instituições, embora algumas sejam de ensino a distância? Será que não lêem? E os alunos? Estão seguindo os passos desses catedráticos não-leitores, tiradores de fotocópias? Sem contar as mais de 200 escolas do Ensino Básico da outrora Vila de Tabocas, públicas e particulares, com administrações, regentes e discentes. Esse povo todo não compra livro? Não lê?
O único segmento desse quesito que tem crescido no Brasil é o do Livro Didático e Paradidático das grandes editoras da área. Até mesmo as escolas públicas estão adotando-os, muitas vezes descaracterizando o trabalho educativo e descontextualizando o conteúdo por conta de seguir modismos e tendências.
Uma boa opção em Itabuna, por exemplo, com preços bastante razoáveis, é a mini-livraria do Hipermercado Bompreço, cheia de lançamentos literários, diversificada, e podendo ser manuseada sem problemas pelos poucos clientes que a visitam. Em Ilhéus, bem mais interessante do que a sua cidade vizinha, as livrarias existentes são sempre uma boa escolha, com um rico acervo e um bom atendimento. Também na Terra da Gabriela nós temos bons sebos, localizados no centro da cidade.
Não há explicações plausíveis para a falta de leitores e compradores de livros, por mais que tentemos uma justificativa, como os preços dos mesmos e blá-blá-blá. Talvez o advento da internet faça com que as pessoas comprem comodamente pelos sites específicos as obras que querem adquirir, ou leiam esses escritos pela sua versão e-book, retirando o acesso às nossas livrarias, que muito mais humanamente nos recepcionam!
No entanto, quando nos faltarem espaços literários em nossas cercanias que comercializem livros, iremos sentir profundamente a falta, resmungar aos quatro ventos, indagar que vivemos num submundo à parte do resto do país e outras asneiras mais... É esperar para crer!
Gustavo Atallah Haun - Professor.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

DICAS PARA O ENEM E VESTIBULAR!

Atenção com as dicas!
            Eis que os dias fatídicos se aproximam. Depois de estudar o ano inteiro, você, aluno, está prestes a ser avaliado para adentrar o ensino superior de alguma universidade. Mas nada de se sentir pressionado ou com frio na espinha. Este é o momento para quem se preparou, quem se dedicou e até mesmo, por que não dizer, para os sortudos!
Aqui vão algumas dicas interessantes que poderão ajudá-lo nesta hora tão desgastante, física e mentalmente:
·                    Relaxe antes de começar a prova. Se você é do tipo inquieto, tente fazer uma oração, ou uma meditação rápida, enfim, tente entrar em alfa (estado de consciência mais calmo), porque quando o nosso corpo está nessa vibração, a mente trabalha melhor, lembra-se de detalhes, etc.;
·                    Não leve chocolates ou bebidas gaseificadas para ingerir durante as quatro horas diárias de avaliação. O sistema digestivo é o primeiro a sentir os efeitos da pressão mental, do estresse, do cansaço emocional, do nervosismo, entre outros fatores. Você não vai querer ter uma dor de barriga ou uma diarréia no meio dos testes, vai?;
·                    Se você é do tipo que tem sudorese, tremor, dá aquele “branco” antes da prova, desespera quando vê os concorrentes, faça o seguinte: vista uma roupa leve, confortável, e um calçado fácil de tirar. Quando bater o nervosismo, tire os sapatos, ou sandálias, e pise no chão(não esqueça da prece, para acalmar). A energia que emana da terra é revigorante, equilibra a nossa aura, restabelece os fluidos espirituais;
·                    Comece sempre pelas disciplinas que tiver maior intimidade. Dessa forma, você irá aumentar a sua autoconfiança e poderá partir com mais certeza e motivação para as difíceis ou que tenha menor afinidade;
·                    Nunca deixe a redação por último. Leia o tema assim que receber os cadernos para ficar refletindo sobre o mesmo, enquanto começa a responder as outras questões que achar fáceis. Elabore o rascunho em seguida, provavelmente cairá uma dissertação-argumentativa (introdução, desenvolvimento e conclusão), e termine as demais provas. Passe, no final, o texto para a folha definitiva, não sem antes corrigir os seus prováveis erros;
·                    Com as atuais regras para os vestibulares, o chute em uma letra só está descartado. Não cometa esse erro, sua prova será anulada se tiver somente respostas “C”, por exemplo. Lembre-se: a sua redação só será corrigida se você acertar o mínimo de 30% nas provas objetivas. Nada de chutômetro!;
·                    Não estude de véspera. O estudo deve ser diário, contínuo, feito desde sempre. Não se estuda para provas, estuda-se para a vida, para conhecer, para saber, para sonhar. Além de acentuar o seu nervosismo, estudar um dia antes da prova não irá solucionar todas as dúvidas que porventura ocorrerão;
Devemos ter em mente que a universidade é um local que se pretende abrigar gente questionadora, pessoas críticas, que possam debater, discutir, avaliar situações do cotidiano da região, do país e do globo. No ensino superior você corre atrás da sua educação, da sua (in)formação, do seu melhor. Nada de esperar tudo mastigado em fórmulas prontas, como no ensino básico.
Portanto, se você é um leitor compulsivo, um pesquisador nato, um curioso para descobrir as coisas do mundo, um inovador que tem muitas ideias, as faculdades sempre estarão de portas abertas para recebê-lo. Se você é assim, faça suas provas tranquilamente que o resultado será positivo e recompensador. Agora, se você não é empreendedor, é do tipo acomodado, preguiçoso e sem iniciativa, vai ter que esperar um pouco mais. Gustavo Atallah Haun - Professor.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O FUTURO DA ESCOLA


O ano é aproximadamente 2030. Os alunos chegam para a sala de aula da Escola Cibernética, um termo em desuso da época, mas que a Escola teima em usar. Alguns vão descendo de seus veículos movidos a água ou eletricidade, que sequer tocam o chão. Outros preferem um jeito mais independente, indo para os estudos com o seu motor de propulsão feito uma mochila nas costas, aterrissando no que sobrou da antiga quadra poliesportiva. 
Os estudantes seguem para as salas, que em nada se parecem com as de antigamente: são coloridas, em forma de anfiteatros, com computador pessoal em cada assento, quadro interativo em 3D e, principalmente, não tem professor, apenas um robô-monitor por turma para ajudá-los caso alguma coisa falhe, quebre, ou os discentes não entendam, o que são coisas raras de acontecerem.
Nessa Escola não se usa lápis, cadernos e livros, apetrechos quase pré-históricos, anti-higiênicos e ecologicamente inadequados. As lições e os exercícios são virtuais e o aluno, ao final de cada dia letivo, envia tudo o que estudou diretamente para o seu endereço eletrônico, caso queira revisar em casa, assim como a avaliação que fará a cada final de aula.
Não há pobre frequentando a Escola no meio do século XXI. Somente a classe alta participa do ambiente escolar, visto que são os únicos capazes de pagá-la. Não há escola pública, o Estado desistiu de mantê-la, visto os problemas com as inúmeras greves, insatisfações, más administrações e turbulenta crise dos anos 10. Resolveu, então, que a classe baixa unicamente trabalhava e não necessitava, nem necessitaria, de estudo. Não há mais classe média no mundo: ou se é rico, ou se é pobre.
A aula principia, todos estão bem acomodados nas suas cadeiras multiuso, que podem virar divã, monitor de cristal líquido à frente, quando um docente andrógino virtual aparece na tela e anuncia: “Sejam bem-vindos! Desejo a todos um bom dia de aula!”, e assim da início à lição de acordo com o programa anual digitado em sua super memória RAM. Os alunos assistem a tudo com vídeos, hologramas, dinâmicas virtuais, mapas tridimensionais reais, obtidos através de imagens de satélites, e o professor na tela sempre falante, gentil na explanação, sem se cansar, sem faltar aula, feito uma máquina compreensiva do saber.
Ao final das palestras cibernéticas, o discente recebe o dever de casa para a devida avaliação: aplicar as teorias bebidas naquela doce manhã outonal. Assim são dadas as notas, com a efetiva introdução do saber adquirido ou rememorado no contexto de vida do estudante. Sem papéis, sem boletins, sem reprovação. A vida teórica é totalmente virtual, mas a existência física é onde se pratica o que se aprende. E por isso todos são conscientes da necessidade de aplicação empírica do que receberam, pois são discípulos críticos e privilegiados de uma nova era.
Gustavo Atallah Haun - Professor.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

QUE AULA SHOW!

Quem milita na Educação tem ouvido falar muito das “aulas shows”. Eu ficava me questionando muito se este era o melhor modo de lecionar, se não era muita papagaiada, até adentrar numa sala de aula. Com o tempo, percebi que a formação do profissional em Educação só acontece realmente na prática, não adianta nenhuma forma, ou preparação, para anteceder esse ato.
Educar é muito diferente de ensinar. Apesar de ambas serem de etimologia latina, o significado é oposto. Ensinar vem do latim in + signo, que quer dizer “pôr um sinal em”, implica um movimento de fora para dentro. Educar vem do latim ex + ducare, que significa “tirar de”, implica um movimento de dentro para fora.
Com isso, quero dizer que educar é o termo correto quando nos referimos à Educação e, para que ela verdadeiramente se faça, vale tudo hoje em dia, inclusive as aulas shows e pintar o nariz de vermelho!


Conversando com alguns amigos (todos educadores) na Universidade, falávamos sobre a postura do professor em sala de aula e as atitudes dos alunos:
“Para ser professor, hoje, a última coisa que ele tem que fazer é licenciatura! Para ser professor, atualmente, o cara tem que fazer teatro... As aulas têm que ser mais teatrais do que qualquer outra coisa!” (Entendendo teatro aqui como representação da vida através do entretenimento, do lúdico, do brincar fazendo, sem nenhum demérito para essa grande arte!).
Todos concordavam entre sorrisos e trocas de experiências valorosas. Diziam-me para publicar um livro sobre o assunto, pois, numa certa hora, monopolizei a conversa com as minhas alegrias, minhas frustrações e, principalmente, com os meus sonhos em relação à Educação.
Frente a tantas mudanças comportamentais, tecnológicas e culturais, há professores que querem dar aulas como há trinta anos. Isso não é mais viável, é óbvio. As expectativas são outras, em ambas as partes.
É bem verdade que o nível da escola brasileira vem (de)caindo a olhos vistos. Quando ouço meus pais e avós contando que a Escola Pública era para aqueles que queriam estudar, que aprendiam a cantar até o hino francês, estudava latim e grego, que existiam debates literários sobre autores da Literatura Universal... Vejo que hoje estamos muito aquém da época das palmatórias! Época triste em que se valorizava apenas o conteúdo! Tudo bem, eram tradicionalistas e conservadores, mas que saíam pessoas mais preparadas e respeitavam mais os profissionais do ambiente escolar, isso ninguém duvida!
Pulando para os dias atuais, fazer o aluno ter bom comportamento na sala só na base do “terrorismo”. Muitas vezes não querem nada, não têm interesse nem leituras prévias, não respeitam ninguém. Queixam-se a quase totalidade dos professores. Então, há algo errado aí. Temos, nós, professores, que modernizar. E isso pode se chamar aula show ou aula interessante ou aula interativa. Seja lá como for!
Qual o problema de fazer música com as fórmulas químicas, físicas e matemáticas? Contar piadas sobre o assunto dado para distrair por alguns minutos? Saber o conteúdo, dominar o assunto, e passar aos alunos de uma forma que nunca foi feita? Tirar os discentes da sala de aula com projetos e propostas práticas? Incorporar (com roupas e trejeitos da época) os personagens literários, os inventores, os cientistas, etc.? E, acima de tudo, qual o problema de ser amigo do aluno, tratando-o com afeto, carinho e respeito?
Como dizia Fernando Pessoa no seu verso mais conhecido: Tudo vale a pena, se a alma não for pequena! E isso, em se tratando de Educação, vale ouro, pois o verdadeiro educador não é o que acumula conteúdos nos alunos (de formas até coercitivas!), arquivando coisas que eles nunca usarão na vida. Mas é aquele que faz despertar a fome de conhecimentos, o desejo da busca, sem se preocuparem com vestibulares ou testinhos.
EDUCADOR é aquele que prepara para a VIDA. Esta é a verdadeira aula show!
Gustavo Atallah Haun - Professor.