quarta-feira, 4 de setembro de 2013

EXEMPLO DE CARTA-ARGUMENTATIVA II

Em virtude de uma reportagem exibida na Rede Globo de Televisão, cuja transmissão em nosso estado é da afiliada Rede Bahia, que tratava de um médico que causou a morte de uma paciente em trabalho de parto, a aluna Ana Carlla, do segundo ano do ensino médio da Escola Anglo, de Itabuna, escreveu a seguinte carta-argumentativa:


            "Prezado" Dr. Luiz Leite,

            Venho, humildemente, por meio desta carta expressar certos descontentamentos com relação à sua pessoa e à forma como aplica seu conhecimento médico em seus pacientes.
            É fato que tanto eu quanto o senhor sabemos das matérias que têm saído no jornal local: tratam-se de absurdos cometidos por um profissional que retira vidas do mundo, quando deveria trazê-las. É do meu conhecimento que ao final do curso de Medicina há o juramento de Hipocrátes, no qual uma de suas partes afirma: "Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção”e como médico experiente acredito que o senhor esteja fazendo exatamente o contrário.
            Está além da minha capacidade julgar o meu semelhante, se assim posso chamar-lhe, entretanto, demonstro minha indignação baseando-me em depoimentos entristecidos das vítimas das suas atrocidades. Venho também movida por um âmbito emocional, apesar de não conhecer seu último mártir, Aline. Estou tomada por uma revolta e uma repugnância, primeiramente, pela sua falta de caráter, compromisso, respeito e várias outras coisas que tornam-se ofensivas demais listar. Depois, pelo seu preconceito frente à realidade social da pessoa pela qual cometeu tamanha maldade. Quer dizer, apenas quem tem dinheiro merece nascer dignamente? (E com dignamente quero dizer apenas nascer!)
            Penso que talvez, por meio desta carta, esteja exercendo a minha cidadania ao tratar com o senhor, que também pertence ao Sistema Único de Saúde pago por mim e pela sociedade, já que mostro abertamente minha desconcordância com seus atos ofensivos. Afinal, se os partos são públicos por quê cobrá-los? E por quê não praticar sua profissão corretamente tendo em vista que estudou para o mesmo?
            Algumas dessas respostas sei que nem o senhor poderia me dar, considerando sua idade avançada e o cabresto da alma que, visivelmente, possuis. Pode até ser que trate da doença dos outros, mas esta que está instalada dentro do seu gélido coração é incurável. Ela é o olhar distorcido, que só compara o ser humano com o Homo sapiens sapiens e com órgãos doentios. Queria deixar claro, que doentio é o senhor e as suas práticas sádicas. Será que já não é hora de se aposentar, se sua profissão não lhe agrada?
            Se no céu, independente de onde este seja, e se acredita nisso ou não, existe um Deus que é o nosso provedor de tudo, espero que Ele lhe dê uma morte lenta e dolorosa, assim como o senhor deu ao filho da Aline. Por fim, peço desculpa se o destratei com as palavras que apenas limitam um sentimento que é infinitamente grande, entretanto, se o ofendi foi "sem querer, querendo". E eu quis muito.
                                                                                                         
Atenciosamente,

A.A.

Parabéns, Ana! A escrita serve exatamente para esses momentos: pôr para fora todos os nossos fantasmas, angústias e também as alegrias! 

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