domingo, 23 de outubro de 2011

AS LIVRARIAS GRAPIÚNAS

É uma pena que as livrarias da nossa região cacaueira não sejam bem frequentadas, desdenhando do que dizia Monteiro Lobato, sobre a importância do livro para uma nação, para um povo. O mais provável é que essa falta de circulação e vendagem seja fruto de dois fatores: a nossa própria falta de cultura (digo cultura no sentido de costume, cultivo) em se adquirir bens artísticos ou o dinheiro sumiu dos bolsos da população. Será isso mesmo?
A maior livraria de Itabuna, situada no Shopping Jequitibá, vivia entregue às moscas, sem um pé de gente. Resultado: fechou as portas! (Agora ela retornou, mas não tarda...) Enquanto que a praça de alimentação do mesmo local e bares da cidade estavam sempre repletos. Isso para não falar da Livraria Oásis, do gentil e culto Aécio, fechada também por falta de público. As outras livrarias do município além dos livros têm que se virar com papelarias, materiais pedagógicos e outras quinquilharias para poderem sobreviver. Nem sequer um sebo – local onde se vende, troca e compra livros usados – há na cidade!
O mais interessante é que Itabuna abriga quatro ou cinco faculdades particulares e tem uma universidade pública ao lado, a UESC. Onde estão os professores dessas instituições, embora algumas sejam de ensino a distância? Será que não lêem? E os alunos? Estão seguindo os passos desses catedráticos não-leitores, tiradores de fotocópias? Sem contar as mais de 200 escolas do Ensino Básico da outrora Vila de Tabocas, públicas e particulares, com administrações, regentes e discentes. Esse povo todo não compra livro? Não lê?
O único segmento desse quesito que tem crescido no Brasil é o do Livro Didático e Paradidático das grandes editoras da área. Até mesmo as escolas públicas estão adotando-os, muitas vezes descaracterizando o trabalho educativo e descontextualizando o conteúdo por conta de seguir modismos e tendências.
Uma boa opção em Itabuna, por exemplo, com preços bastante razoáveis, é a mini-livraria do Hipermercado Bompreço, cheia de lançamentos literários, diversificada, e podendo ser manuseada sem problemas pelos poucos clientes que a visitam. Em Ilhéus, bem mais interessante do que a sua cidade vizinha, as livrarias existentes são sempre uma boa escolha, com um rico acervo e um bom atendimento. Também na Terra da Gabriela nós temos bons sebos, localizados no centro da cidade.
Não há explicações plausíveis para a falta de leitores e compradores de livros, por mais que tentemos uma justificativa, como os preços dos mesmos e blá-blá-blá. Talvez o advento da internet faça com que as pessoas comprem comodamente pelos sites específicos as obras que querem adquirir, ou leiam esses escritos pela sua versão e-book, retirando o acesso às nossas livrarias, que muito mais humanamente nos recepcionam!
No entanto, quando nos faltarem espaços literários em nossas cercanias que comercializem livros, iremos sentir profundamente a falta, resmungar aos quatro ventos, indagar que vivemos num submundo à parte do resto do país e outras asneiras mais... É esperar para crer!
Gustavo Atallah Haun - Professor.

Um comentário:

  1. o sabor do livro fisico,o seu cheiro,a emoção de compra-lo, haaa não tem nada igual...

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